sábado, novembro 03, 2007

Aqueles que já se foram...




O meu amor esteja contigo na região do espírito.

Deixe encontrar a tua alma

Pela minha que procura

Deixe suavizar o teu gelo

Pelo meu pensamento da tua essência

Assim estamos ligados

Eu contigo

Tu comigo.

Como alma eu não estou na Terra,

Porém na água, no ar e no fogo;

No meu fogo eu estou nos planetas e no Sol.

No meu ser solar

Eu estou no céu das estrelas fixas.

Como alma eu não estou na Terra,

Porém na luz, verbo e vida.

Na minha vida, eu estou no interior

Do Ser planetário e solar:

No espírito da sabedoria.

No meu ser de sabedoria

Eu estou no espírito do amor.

Nenhuma barreira pode separar

Aquilo que mantém unido no espírito

O resplandescente

E radiante amor

Eterno liame das almas.

Como estou eu na tua memória

Assim estejas tu na minha.

(Rudolf Steiner)

Uma exposição em Managua, do artista da Costa Rica, Guillermo Habacuc Vargas, expôs um cão vira-lata, que uns garotos pegaram na rua imediatamente antes da exposição, preso a uma corda curta, num canto da parede. Ele não foi alimentado por ninguém, apesar de na parede haver uma frase escrita com ração para cachorro. Apesar de pedidos para soltá-lo, o artista não concordou. O cachorro era chamado de Natividad, e morreu no dia seguinte à inauguração. A exposição tinha o objetivo de mostrar como podemos morrer de fome apesar da proximidade da comida. Mas fica a pergunta: a arte tem o direito de ser cruel?

Guillermo Habacuc Vargas foi o artista escolhido para representar o seu país na "Bienal Centroamericana Honduras 2008".

Existe uma petição onde é pedido que ele não receba este prémio. Por favor assinem preenchendo o Nome, email, Localidade e País.

Clique aqui para assinar a petição.


Mais detalhes da exposição.

A Arte Tem o Direito de Ser Cruel?


Uma exposição em Managua, do artista da Costa Rica, Guillermo Habacuc Vargas, expôs um cão vira-lata, que uns garotos pegaram na rua imediatamente antes da exposição, preso a uma corda curta, num canto da parede. Ele não foi alimentado por ninguém, apesar de na parede haver uma frase escrita com ração para cachorro. Apesar de pedidos para soltá-lo, o artista não concordou. O cachorro era chamado de Natividad, e morreu no dia seguinte à inauguração. A exposição tinha o objetivo de mostrar como podemos morrer de fome apesar da proximidade da comida. Mas fica a pergunta: a arte tem o direito de ser cruel?

Guillermo Habacuc Vargas foi o artista escolhido para representar o seu país na "Bienal Centroamericana Honduras 2008".

Existe uma petição onde é pedido que ele não receba este prémio. Por favor assinem preenchendo o Nome, email, Localidade e País.

Clique aqui para assinar a petição.


Mais detalhes da exposição.

Adote uma Criança, Mude um Destino




A AMB, Associação dos Magistrados do Brasil, lançou uma campanha para estimular as adoções em todo o Brasil, através da sensibilização dos juízes para agilizarem os processos. A campanha chama-se Mude um Destino.

O problema da adoção se agrava quando as crianças têm mais de um ano de idade, são negras, têm irmãos na mesma situação ou apresentam algum problema de saúde. Segundo a advogada Roberta Avisato , 70% dos casais presentes no cadastro nacional dos Juizados da Infância e da Juventude procuram meninas brancas, de até seis meses. A especialista atua na área Trabalhista, mas começou a defender casos de adoção, por conta de uma experiência pessoal: ainda noiva, encantou-se com um menino num abrigo para menores e ganhou na Justiça o direito de protegê-lo. Ela conta que apenas 5% dos processos de adoção que ocorrem no estado de São Paulo são realizadas por pais que podem ter filhos, mas optam por acolher uma criança.

Segundo a advogada, o primeiro passo de um casal que pensa em adoção é procurar a Vara da Infância e da Juventude de sua cidade e realizar o cadastro de adoção. Eles vão passar por entrevistas, terão seu perfil social traçado, vão apontar as características da criança de que gostariam e será aberto o processo. Quando alguma criança que atenda aos dois perfis aparecer no cadastro, eles serão chamados para conhecê-la.

Francisco Oliveira Neto, juiz da Vara da Infância e da Juventude de Florianópolis (SC), membro da Associação dos Magistrados Brasileiros e coordenador da campanha Mude um Destino da AMB, o número de adoções poderia ser maior caso diminuíssem as exigências dos casais.

- Não é a burocracia do Estado que atrasa os processos de adoção. Nos juizados, temos um livro de cadastro de pais que se dispõe a adotar e outro com as crianças dos abrigos. Fazer esse casamento é a parte mais difícil - explica Franscisco Oliveira Neto.

O juiz reforça que não há custos para o casal com o processo de adoção - a menos que eles queiram contratar um advogado particular - e que, uma vez dada a sentença, a decisão da Justiça é irrevogável: os pais biológicos perdem seus direitos sobre a criança e a identidade da família que a adotou é mantida em sigilo.

- Cumprir os procedimentos legais é a melhor forma de se proteger e dar segurança à criança. Muitos pais biológicos iniciam um processo de coação ou extorsão por sentirem que quem adota contrai uma espécie de dívida com eles - alerta.

Se as mães biológicas têm nove meses para se preparar para a chegada do bebê, com as mães adotivas o tempo de espera é incerto e cheio de dúvidas. A psicóloga e professora da PUC-RS Iraci Argimon, orienta os casais a terem uma decisão bem amadurecida, antes de procurar uma criança:

- Enquanto houver dúvidas, converse. Se o diálogo entre o casal não for suficiente, procure um especialista. Isso é um respeito com eles mesmos e com a criança - alerta. - Ela não deve vir para segurar nenhum casamento: vai ter um papel tão importante quanto o de seus pais.

Em caso de crianças maiores, essa preocupação deve estar ainda mais presente:

- As crianças costumam se vincular de forma ainda mais forte por medo inconsciente de um novo abandono. Apenas uma relação bem madura entre mãe e filho pode equilibrar essa insegurança.

Mas às vezes o destino se encarrega de antecipar os fatos. Pediatra, Maria Noemi Mac Culloch, era solteira quando recebeu, no Hospital da Funabem, em que trabalhava, um bebê abandonado pelos pais que despertou sua compaixão. Ela entrou com o pedido de adoção e conseguiu a guarda de Pedro Ivo, que hoje tem 12 anos. Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente, homens e mulheres acima dos 18 anos podem adotar uma criança independentemente de seu estado civil.

- Desde a primeira vez que o peguei nos braços, senti que era meu filho. De repente, me vi invadida de um amor muito grande por aquela criança que nunca tinha visto. Minha capacidade de amar, de me dar cresceu muito. Sinto como se ele tivesse nascido mesmo de mim, é meu filho - resume Maria Noemi.

Na minha família, tanto pelo lado paterno quanto materno, tenho vários parentes adotivos, irmãos, tios, primos, e posso dizer que o amor não é diferente em relação a um consangüíneo. Percebo que ainda existe um preconceito em relação à adoção, e muitos casais tentam deseperadamente engravidar, às vezes correndo riscos, mas não dão um passo em direção à adoção que lhes deixaria realizados como pais! Um grande abraço para Andréa, Mônica e José Victor, meus irmãos.

quinta-feira, outubro 25, 2007

Tecendo o Fio do Destino


“Destino?

Agulha no palheiro

onde o homem se procura

O tempo inteiro”

Lindolfo Bell



Cada um de nós nasce com um destino, não como um livro previamente escrito em que cada ato nosso está previsto, mas como uma missão a nós confiada. Isto faz com que a vida tenha um sentido e, muitas vezes, sofremos com angústia ou depressão por não percebê-lo claramente. Os fatos de nossas vidas estão aí para que encontremos o Fio do Destino que, junto com o nosso livre arbítrio, tece os acontecimentos tanto no nosso mundo interior quanto na nossa vida nas comunidades em que vivemos.

Este curso tem o objetivo de buscar o fio do destino de cada um, desembaraçá-lo, tecê-lo de forma diferente, mais confortável, mais de acordo com o sentido que queremos dar para nossas vidas. Para isso trabalharemos com fatos de nossas próprias vidas. Este trabalho será feito com palavras e arte, como aquarela, modelagem em argila, tear, desenho, contos de fadas, vídeos, teatro, etc. Ninguém precisa ser artista para participar, é claro.

Muitas das questões que nos colocamos hoje são percebidas de modo diferente quando as situamos no contexto mais amplo da vida toda. A troca de experiências de vida num grupo é enriquecedora e suaviza os sentimentos ligados a essas experiências.



O curso será coordenado por Marcelo Guerra, Médico Homeopata, Terapeuta Biográfico em formação. Terá a duração de 10 encontros mensais e será realizado no Instituto Gaia, à Rua Almirante Alexandrino, 2495A, Santa Teresa, Rio de Janeiro. O primeiro encontro será em 24 de novembro de 2007, de 8:30h às 17h. O investimento para cada módulo será de R$80,00 (já incluído o material). As vagas são limitadas. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (22) 9254-4866 ou pelo e-mail marceloguerra@terapiabiografica.com.br



Cada um hospeda dentro de si uma águia. Sente-se portador de um projeto infinito. Quer romper os limites apertados de seu arranjo existencial. Há movimentos na política, na educação e no processo de mundialização que pretendem reduzir-nos a simples galinhas, confinadas aos limites do terreiro. Como vamos dar asas à águia, ganhar altura, integrar também a galinha e sermos heróis de nossa própria saga? (Leonardo Boff)

segunda-feira, setembro 10, 2007

Tecendo o Fio do Destino


Em breve iniciarei um novo curso, com workshops uma vez por mês. De início, haverá grupos em Nova Friburgo, Bom Jardim e Niterói. Ainda estou arranjando os locais e datas, e informarei assim que estiverem definidos. Partindo do pressuposto de que existe um destino, como uma missão para a qual nascemos, e que a vida tem um sentido, vamos trabalhar sobre os fatos de nossas vidas, buscando o fio de destino. Este trabalho será feito com palavras e arte, como aquarela, modelagem em argila, tear, desenho, contos de fadas, vídeos, teatro, etc. Ninguém precisa ser artista para participar, é claro. Logo informarei mais detalhes para começarmos, mas quem tiver interesse em participar e quiser mais informações, entre em contato pelo meu e-mail: marceloguerra@gmail.com

Em grupo, nossas vidas parecem mais claras para nós mesmos. Fica um poema de João Cabral de Mello Neto:


Tecendo a Manhã

Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito de um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.


E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão.

João Cabral de Melo Neto

quinta-feira, agosto 23, 2007

Estudos revelam como dependência de álcool e cocaína é mais grave em jovens


Publicada em 23/08/2007 às 06h42m
Roberta Jansen - O Globo
RIO - As mesmas substâncias presentes no cérebro dos adolescentes que os tornam mais ousados e destemidos nessa fase da vida são responsáveis também por deixá-los mais vulneráveis a drogas como a cocaína e o álcool. Novas pesquisas realizadas por grupos da USP revelam os mecanismos que fazem com que a dependência seja mais grave em jovens do que em adultos.
Trabalho desenvolvido no Laboratório de Farmacologia Comportamental e Neuroquímica da USP, pelo grupo da pesquisadora Rosana Camarini, mostra que camundongos adolescentes submetidos a cocaína ou álcool apresentam respostas comportamentais e neuroquímicas diferentes daquelas de animais adultos. Os resultados sugerem que o mesmo aconteceria em seres humanos.
- Nosso objetivo é estudar as diferenças entre adolescentes e adultos nas respostas a algumas drogas de abuso - explicou Rosana, que apresentará o estudo hoje na XXII Reunião Anual da Federação de Sociedades de Biologia Experimental, em São Paulo. - Começamos a estudar isso porque existem diferenças de desenvolvimento. Algumas estruturas do cérebro ainda não estão totalmente desenvolvidas nos mais jovens, como o córtex pré-frontal, responsável, entre outras coisas, pela tomada de decisões e a agressividade.
Além disso, existe uma diferença neuroquímica importante entre o cérebro do adolescente e o do adulto, relacionada à concentração de dopamina, um neurotransmissor relacionado à motivação e à impulsividade. A presença da substância é reduzida à medida que a pessoa envelhece.
- A maior concentração da dopamina e o córtex pré-frontal ainda não totalmente desenvolvido são, em parte, responsáveis pelo comportamento mais impulsivo dos adolescentes.
Ocorre que, embora por mecanismos diferentes, tanto o álcool quanto a cocaína induzem um aumento da concentração de dopamina no cérebro. A pesquisa mostrou que os animais jovens tratados com cocaína apresentam maior excitabilidade locomotora do que os adultos. Eles também liberam mais dopamina (neurotransmissor estimulante) na parte do cérebro que controla as sensações de dependência, recompensa, prazer e motivação - o que sugere uma expectativa maior pela droga.
- Observamos que quanto mais cedo o jovem entra em contato com a droga, maior a possibilidade de se tornar dependente - disse a pesquisadora. - E uma das hipóteses para que isso ocorra é o fato de já ter naturalmente uma maior concentração de dopamina.

quarta-feira, julho 04, 2007

Afinal, o que é o Processo de Ser?


O Processo de Ser é uma forma de terapia em grupo em que é buscado o entendimento das condições que nos trouxeram até a situação que estamos vivendo hoje e que nos aflige. Este entendimento só pode ser conseguido a partir de fatos da própria vida e não de teorizações. Para isso, não basta só falar, mas fazer e sentir, portanto a arte é fundamental neste processo.

Em Nova Friburgo, os encontros são mensais, no primeiro sábado de cada mês, pela manhã, e as inscrições são feitas antecipadamente pelo telefone (22)9831-3393.



Perguntas freqüentes:

1.

Que formas de arte são usadas?

Usamos modelagem em argila, trabalhos com elementos da natureza, como folhas, flores e pedras, aquarela, desenho com giz de cera, tecelagem, etc.
2.

Não seria melhor só falar, sem precisar sujar as mãos com barro ou tinta?

Fazer arte, sem ser artista, é o grande diferencial deste trabalho, porque aquilo que está inconsciente vem à tona mais facilmente enquanto transformamos fatos de nossas vidas em peças artísticas. Não só detalhes dos fatos, mas os sentimentos a eles conectados. E mais: através da arte, conectamos mais facilmente a criança que mora dentro de nós, criando um clima que permite trazer lembranças, mas com uma certa leveza infantil.
3.

Para quê falar de minha vida para estranhos, se posso falar com amigos sobre isso?

A escuta numa sessão de terapia em grupo obviamente é diferente da que se dá numa roda de amigos, afinal de contas naquele momento todos estão empenhados em falar, ouvir, se dedicar enfim, ao entendimento de nossas vidas e à busca de mudanças que forem necessárias.
4.

O que significa “equilibrar o pensar, o sentir e o agir”?

Não é simplesmente falar, há um método, em que buscamos entender os fatos em seus diferentes aspectos de forma ordenada, separando os fatos objetivamente (pensar), depois buscando as emoções e sentimentos (sentir) a eles associadas e, por último, elaborando propostas de mudanças possíveis e prováveis para si mesmo (agir).
5.

Se você tiver alguma pergunta, escreva para marceloguerra@gmail.com e você a verá respondida aqui.

O Processo de Ser - Vivência em Grupo


“Todo ser vivo está em processo, que é simplesmente o fluxo, o curso de sua jornada de vida. Tais processos são tanto arquetípicos - compartilham padrões comuns a todos os seres, tais como gestação, nascimento, morte e ressurreição - quanto exclusivos de cada ser em particular.”

Allan Kaplan (Artistas do Invisível)

O objetivo dessa vivência é tornar consciente o processo de ser de cada um, para que o indivíduo torne-se responsável pela sua própria evolução, em vez de apenas sujeitar-se a ela.

Em todos os mitos e contos de fadas há um momento em que o herói ou a heroína percebe um chamado e inicia uma aventura da qual voltará transformado(a). Assim também ocorre na vida, afinal os mitos e contos de fadas são somente representações do que passamos na vida.
Este é um chamado para uma aventura para dentro de sua própria história de vida, que terminará trazendo à tona um melhor conhecimento daquilo que você é, de suas qualidades e fragilidades, permitindo que você elabore esses elementos e dê um novo rumo à sua vida.

As atividades visam a equilibrar as três esferas do ser: o pensar, o sentir e o agir. Para isso, lançamos mão de atividades artísticas e corporais e da fala.

Coordenação: Marcelo Guerra, médico, biógrafo em formação

Encontros mensais, sábados pela manhã.

Investimento: R$80,00 por mês
Informações e inscrições: (22) 9831-3393

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

Ser Orgânico


Os orgânicos rejeitam os aditivos químicos, são tratados com ervas medicinais e buscam o equilíbrio com a natureza

Enquanto uma parte dos agricultores luta pelos avanços da biotecnologia, um grupo menos numeroso defende a volta de técnicas praticadas por seus antepassados. No lugar de agrotóxicos para matar certas pragas, eles soltam joaninhas e outros insetos. Em vez dos fertilizantes, usam esterco ou preparados à base de ervas medicinais. Nada de antibiótico ou hormônio aos animais. Só homeopatia, acupuntura e jamais o confinamento. A filosofia da agropecuária orgânica busca a harmonia, o que se traduz na mínima interferência no meio ambiente. Na receita, claro, estão a preservação da fauna, da flora, o cuidado com os rios e o ar. Some-se a isso o veto ao trabalho infantil e a absorção de parte da mão-de-obra da redondeza.

Embora represente uma nesga de 1% a 3% do mercado total de alimentos, a agricultura orgânica cresce ano a ano. Em 1997, estima-se que verduras, frutas, legumes, açúcar, mel, café, carne ou vinho sem aditivos químicos renderam cerca de US$ 11 bilhões no mundo. Em 2001, as vendas saltaram 127%, indo para US$ 25 bilhões. No Brasil, o faturamento foi de US$ 260 milhões. O Japão, os Estados Unidos, a Grã-Bretanha e em particular a Alemanha, a Itália, a França e a Suíça são os maiores consumidores.

A doença da vaca louca e a febre aftosa foram bons motivos para os orgânicos conquistarem adeptos no Exterior, muitos dispostos a pagar entre um terço e 50% mais caro para ficar livre de ameaças. No Brasil, o disparate de preços chega ao absurdo. Um quilo de tomate com agrotóxicos custa R$ 2, quase três vezes mais barato do que o orgânico, vendido a R$ 5,25. “A qualidade, o sabor e os nutrientes são mais abundantes nos orgânicos”, puxa sua sardinha o descendente de alemães Alexandre Harkaly, vice-presidente do Instituto Biodinâmico (IBD), empresa sediada em Botucatu, no interior paulista, que fiscaliza as práticas rurais e distribui selos de qualidade.

Antroposofia – Quem acha radical o cultivo orgânico prepare-se. Desenvolvida desde 1924, a agricultura biodinâmica é fundamentada na antroposofia, doutrina mística formulada pelo espiritualista austríaco Rudolf Steiner. Seu princípio é a harmonia entre terra, plantas, animais e ser humano. Em suma, considera-se a propriedade como um organismo vivo, que demanda certos cuidados. Aí incluídos ritos cósmicos ligados à Lua, ao Sol, aos planetas e à direção dos ventos, que determinam as práticas agrícolas. “Para estabelecer o elo entre as formas de matéria e de energia de uma fazenda, só devem ser utilizados os elementos produzidos ali”, explica Harkaly. O que não for da região não será bem-vindo. Se a agricultura orgânica representa só 0,08% da área cultivada no País, os biodinâmicos, que envolvem a inclusão social e a preservação ambiental, são ainda mais raros.

É justamente a natureza a maior beneficiada com o cultivo orgânico. Exemplo emblemático são as usinas de açúcar São Francisco e a Santo Antônio, produtoras do açúcar orgânico Native, dono de 42% do mercado mundial. As usinas aboliram a tradicional queima da cana na hora da colheita. “Por volta de 99% dos canaviais são incendiados para se eliminar a palha, que traz pragas à plantação”, afirma Leontino Balbo Júnior, diretor da Native.

Como é difícil colher a cana verde manualmente, a empresa pesquisou durante cinco anos um processo mecanizado de colheita e um sistema de controle biológico, que libera inimigos naturais das pragas da cana-de-açúcar. A natureza foi o termômetro. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a ONG Ecoforça visitam todo mês as usinas e comparam imagens de satélite atuais com fotos de 15 anos atrás. “A mata nativa, que ocupava menos de 75 hectares, agora ocupa 186 hectares. Com isso, animais e aves originais voltaram à região”, explica Evaristo de Miranda, da divisão de monitoramento da Embrapa.

“Mesmo com a popularização, o consumo de orgânicos ainda é pequeno no Brasil”, afirma o diretor da Native. Potencial não falta. Uma feira de produtos orgânicos realizada na alemã Hannover bateu seus próprios recordes e exibiu alguns produtos brasileiros. Na lista de novidades européias, havia linhas de maquiagem, cosméticos, perfumes, tintura de cabelo, chás, champanhe e até preservativos com aroma natural. A febre dos produtos sem aditivos tóxicos é tanta que o Rio de Janeiro sediará a próxima feira Biofach, em setembro. Será a primeira em solo nacional. Pelo barulho recente contra a liberação da soja transgênica, certamente ela não será a única.

terça-feira, fevereiro 06, 2007

Oneomania: Gastadores Compulsivos


Muitos são os motivos que levam uma pessoa a comprar: a necessidade, a diversão, os modismos, a importância, o status e o apelo mercadológico do comércio. Mas há quem consuma pelo simples prazer de comprar, de adquirir alguma coisa independente da sua utilidade ou significado.

O ato de comprar indiscriminadamente é uma doença chamada oneomania, que atinge as pessoas caracterizadas como compradoras compulsivas. A oneomania é um distúrbio bastante controvertido do ponto de vista psiquiátrico e psicológico.

Alguns especialistas consideram a oneomania uma doença obsessiva-compulsiva. Nesse caso, a pessoa teria outros comportamentos compulsivos característicos, além de comprar – como contar objetos sem conseguir parar, por exemplo. No caso desses sintomas estarem ausentes, a oneomania é considerada um distúrbio no controle dos impulsos.

Oneomania atinge principalmente as mulheres


Segundo o neuropsicólogo Daniel Fuentes, coordenador de Ensino e Pesquisa do Ambulatório do Jogo Patológico e Outros Transtornos do Impulso (AMJO), do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, a proporção é de quatro mulheres para cada homem com a doença.

Os especialistas ainda não sabem precisamente o porquê da oneomania ser mais comum em mulheres, mas acreditam que o motivo está diretamente relacionado a condições culturais. Os fatores que levam a doença a afetar principalmente as mulheres são objeto de estudo da equipe do AMJO.

Para Fuentes, a doença pode estar associada a transtornos do humor e de ansiedade, dependência de substâncias psicoativas (álcool, tóxicos ou medicamentos), transtornos alimentares (bulimia, anorexia) e de controles de impulsos.

A oneomania também emerge para aliviar sentimentos de grande frustração, vazio e depressão. É um desejo de possuir, de ter poder, que fica reprimido. Ao não conseguir dar vazão ao seu desejo, a pessoa sofre uma enorme pressão interna que a leva à necessidade de possuir coisas novas como única forma de prazer, explica a psicóloga Denise Gimenez Ramos, coordenadora do Programa de Pós-graduação em Psicologia Clínica da PUC-SP.

Os oneomaníacos têm o consumo como vício, assim como um alcoólatra que necessita da bebida. Enquanto está comprando, a pessoa sente alívio e prazer dos sintomas, que passado um tempo voltam rapidamente. O efeito do ato de comprar é semelhante ao de tomar uma droga.

Existe um grupo de 12 passos, nos moldes do AA, que ajuda muito as pessoas com esta compulsão: os Devedores Anônimos. O trecho abaixo foi retirado do site deles:
Nós descobrimos que é uma doença que nunca melhora, somente piora, com o passar do tempo. É uma doença progressiva em sua natureza, que não pode jamais ser curada, mas pode ser detida.

Antes de chegar ao Grupo de D.A., muitos devedores compulsivos se achavam pessoas irresponsáveis, moralmente fracas, ou as vezes, simplesmente "Más". O conceito do D.A. é o de que o devedor compulsivo é uma pessoa realmente doente que pode se recuperar caso ele ou ela siga, com toda sinceridade, um programa simples, que já provou ser um sucesso para outros homens e mulheres com um problema similar.

Como devedores compulsivos, nós nos enquadramos em padrões de gastos que não satisfazem nossas necessidades reais. Alguns de nós temos deixado de pagar cronicamente nossas contas e dividas, mesmo quando nós tínhamos o dinheiro para pagá-las. Ou nós temos feito pagamentos fielmente para 01 ou 02 credores e negligenciado os outros. Alguns de nós têm simplesmente ignorado nossas dívidas por algum tempo, na esperança de que, de alguma maneira, elas possam ser pagas milagrosamente. Alguns de nós têm sido gastadores compulsivos, comprando coisas de que não necessitamos, e nem queremos. Quando nós nos sentimos carentes, ou que, algo está faltando nós esbanjamos dinheiro em algo que não podemos pagar. Nós gastamos compulsivamente, entramos em dívidas, nos sentimos culpados, prometemos que nunca faremos isto de novo, e apenas repetimos o mesmo ciclo na próxima vez que o sentimento de "não sermos suficiente" aflore. tendo gasto além da conta, nós freqüentemente não tínhamos nada para mostrar no que gastamos, e ficamos nos perguntando para onde foi todo aquele dinheiro. Alguns gastadores compulsivos não estão realmente endividados, mas mesmo assim, são bem vindos ao D.A. O único requisito para ser membro do D.A., é o desejo de evitar fazer dívidas sem hipoteca(garantia).

Alguns de nós têm se tornado empobrecidos compulsivos, permitindo-nos ficar freqüentemente sem dinheiro, batalhando de uma crise financeira para outra. Há ainda alguns de nós que acham quase impossível gastar dinheiro consigo mesmos. A televisão estraga e fica estragada, aquele par de sapatos, pronto para ser aposentado, é obrigado a rodar mais um ano ainda, e até problemas de saúde e dentários não são cuidados.

Esta doença afetou nossa visão de nós mesmos e do mundo à nossa volta. Ela nos levou a acreditar que não éramos "suficientes" - em casa, no trabalho, em situações sociais, em relacionamentos amorosos. Ela também nos levou a crer que não há o suficiente no mundo lá fora para nós. esta doença criou uma sensação de pobreza em tudo o que fazíamos e víamos. Em reação a isso, nós nos recolhíamos para um mundo de fantasias, ficávamos preocupados com dinheiro, e evitávamos responsabilidades.

Quando nós participamos da nossa primeira reunião de D.A., nós estávamos perdidos, por muitas perdas: perda de salário, que havia sido engolido por dívidas e por gastos compulsivos; perda de fé; perda de respeito próprio e paz de consciência; perda de amizades; e algumas vezes de saúde, emprego e família. Muitos de nós buscamos ajuda de vários indivíduos ou organizações, mas sempre acabávamos nos sentido como se ninguém entendesse nosso problema. Nossa solidão fez com que nos recolhêssemos mais e mais em nós mesmos. Nós perdemos a vitalidade e o interesse na vida. Nós não podíamos trabalhar ou cuidar de nós mesmos ou de nossos entes queridos apropriadamente. Alguns de nós achamos que estávamos ficando loucos e outros chegaram a contemplar o suicídio. Esse senso de desespero, ou "chegar ao fundo do poço", foi nosso primeiro passo em Devedores Anônimos. Nós vimos que nossas tentativas de esquematizar e manipular nossas vidas nunca funcionaram. Nós admitimos que éramos impotentes perante as dívidas. Nós estávamos prontos para pedir ajuda.

Uma outra forma de tratamento que pode trazer grande ajuda é a Terapia Biográfica, um método onde a vida é revista de uma forma panorâmica.

Essencial para o controle desta doença é a organização financeira. Saber quanto se ganha e quanto se gasta é a chave para o controle. Há um site muito bom que permite isto: o money tracking. Um programa excelente (e grátis) criado por um brasileiro, Cristiano Meira Magalhães chamado Planejamento Financeiro também é muito útil para este fim.

Conseqüência do consumismo

É isso que a Barbie quer!

Livre-se das dívidas

No vermelho? Veja como recuperar a saúde financeira.
Por Dirley Fernandes
Depois de um ano e meio confinada em casa, recuperando-se de um transplante de medula, a pequena Paola, então com 9 anos, pediu aos pais, Sergio e Rocio Torres, para ir à colônia de férias de sua escola. "Ela estava animadíssima com a idéia, pois tinha ficado muito tempo presa", conta Sergio.

Os pais nem titubearam: mandaram a menina para a colônia de férias, mesmo sem ter dinheiro para pagar. Uma atitude temerária para quem, alguns meses antes, tinha voltado dos Estados Unidos com o cartão de crédito cancelado e nenhum dinheiro no bolso.

O casal de dentistas juntou ali mais uma dívida às que já tinha feito desde que, em 1992, vendeu tudo e passou um ano na Espanha tentando a cura para a filha nascida poucos meses antes. Somavam-se às dívidas os empréstimos contratados na volta para remontar o consultório a fim de poderem trabalhar. Sem contar as contas deixadas nos Estados Unidos durante o tempo em que estiveram por lá, tratando a doença genética (talassemia) de Paola.

O casal ainda amargou a perda total do crédito, quando a sociedade com uma colega de profissão na compra de uma sala em um shopping de São José dos Campos (SP), onde moram, fracassou. "Tivemos de desistir do negócio, mas não formalizamos a saída. A sócia não pagou as prestações restantes e ficamos com o nome sujo", explica Sergio.

No fim de 1999, os Torres deviam cerca de R$ 30 mil no Brasil e o equivalente a R$ 600 mil nos Estados Unidos. Estava mais do que na hora de começarem a curar o bolso. Assim, deram início aos cortes de gastos: as luzes foram apagadas, as compras de roupas, reduzidas ao máximo e, principalmente, os freqüentes fins de semana na praia foram adiados.

Ao mesmo tempo, o casal aumentou o número de pacientes atendidos diariamente e está reduzindo a dívida. "No fim de 2001 conseguimos quitar os refinanciamentos. Ainda temos algumas dívidas grandes, mas já atingimos um equilíbrio", conta Sergio. "O melhor é que não temos mais aquele monte de pendências sobre nossa cabeça."

Os Torres não estão sozinhos. Um relatório da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), divulgado em agosto de 2002, mostra que o pagamento de despesas financeiras é o item mais pesado do orçamento dos paulistanos, levando R$ 29,83 de cada R$ 100 da renda das famílias - no fim de 2001, eram R$ 27. Depois de pagar a prestação do automóvel, os juros do cartão de crédito e a parcela do empréstimo bancário, sobra muito pouco para as famílias. Segundo Miguel José de Oliveira, vice-presidente da Anefac e coordenador do estudo, a realidade é a mesma no resto do país: "O brasileiro não deve muito, mas deve mal. Os juros são altos e os prazos, curtos."

Entre 1991 e 2001, as despesas feitas com cartão de crédito no Brasil saltaram de 5,2 bilhões de dólares para 26,7 bilhões de dólares. Segundo a Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços), em média, 20% desse valor não é quitado no vencimento. E então começa a bola de neve dos juros sobre juros. "A situação é gravíssima. Os financiamentos são usados como complementação de renda", afirma Donizete Piton, presidente da Andif (Associação Nacional de Defesa dos Consumidores do Sistema Financeiro). Os números da Serasa comprovam: o índice de inadimplência do brasileiro subiu 84% de janeiro de 1999 a outubro de 2002.

Alguns, como os Torres, foram surpreendidos por problemas dramáticos: doenças na família, perda de emprego ou separação. Mas o problema em nossa sociedade é ainda mais profundo do que isso, acredita o consultor José Eduardo Pereira Filho, que há quatro anos desenvolve um trabalho de assessoria financeira pessoal e criou um programa de rádio sobre planejamento financeiro em Poços de Caldas (MG). "Nossa referência de riqueza é o que é ostentado, especialmente os carros importados e as viagens para o exterior." De fato, apesar das sucessivas crises econômicas, a frota brasileira de veículos continua crescendo, tendo atingido, em junho de 2002, 34,2 milhões de veículos - 6,5 milhões a mais do que em 1996. Hoje, há um veículo nas ruas para cada cinco habitantes; em 1993, era um para 11, segundo a Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Nas capitais, essa relação é ainda menor. Em Goiânia, há um veículo para cada 1,77 habitante. Nos bairros de classe média é difícil achar uma garagem de casa com menos de dois carros.

Acrescente a isso luxos antigamente inimagináveis, desde aparelhos de TV de telas imensas, DVDs e home theaters a assinaturas de canais via satélite e Internet via cabo. E mais: celulares modernos, computadores e fornos de microondas, que muitos brasileiros consideram essenciais. Enfim, uma porção de comodidades pelas quais, no fim, vai ser preciso pagar.

O problema não é privilégio de apenas uma classe social. Pereira atende de profissionais liberais a empresários e pessoas de baixa renda - que gastam mais do que ganham e não sabem como pagar.

"É um exército de inadimplentes andando pelas ruas", diz Piton. "Muitos usam o limite do cheque para compras na farmácia e no supermercado. A dívida aumenta sem parar e as pessoas acabam acreditando que nunca vão conseguir pagar. Quando o desemprego atinge alguém da família, a situação fica ainda pior."

Entretanto, por mais terrível que a situação pareça, com as ferramentas corretas todos podem sair do buraco. E embora isso represente sacrifício no início, a mudança de rumos na vida financeira agora vai garantir um futuro mais seguro.

sexta-feira, fevereiro 02, 2007

A Responsabilidade É Nossa!!!!


ONU afirma que mudanças climáticas são causadas pelo homem
Artigo: Não há mais tempo a perder
Publicada em 02/02/2007 às 07h23m
André Trigueiro*
Não há mais tempo a perder. Estamos todos juntos no mesmo barco e inúmeros indicadores apontam na mesma direção: se não dermos a devida resposta à
ameaça que nos espreita, ficaremos marcados na História como a civilização que teve a competência de diagnosticar a maior de todas as tragédias ambientais
sem que isso tenha justificado uma ampla mobilização da sociedade. Esta é a razão pela qual muitos estudiosos classificam o aumento do aquecimento global
como um problema ético: sabemos que ele existe, nos reconhecemos como agentes do processo e, ainda assim, pouco ou nada fazemos no sentido de enfrentar a
situação com a seriedade e o senso de urgência que o assunto requer.
É chegado o momento de reconhecer o inimigo para enfrentá-lo com consciência e determinação. Ele é invisível, não tem cheiro nem faz mal à saúde, mas
quando aglomerado aos bilhões de toneladas na atmosfera por conta da queima progressiva de petróleo, gás natural e carvão (as queimadas no Brasil também
entram na conta e, no caso específico da Amazônia, a área verde que virou fumaça no ano passado equivale em tamanho a Israel), tem o poder de mudar o clima,
o ciclo das chuvas, o nível dos oceanos e a expectativa de vida de inúmeras espécies e ecossistemas. Jamais experimentamos algo parecido numa escala de
tempo tão curta.
O dióxido de carbono (CO2) aparece no Tratado de Kyoto como o mais importante gás de efeito estufa, mas para que o acordo internacional saísse do papel
foram definidos prazos e metas bastante modestos: uma redução média de 5% nas emissões de gases de efeito estufa dos países desenvolvidos entre 2008 e 2012
em relação às emissões destes mesmos países ocorridas em 1990, quando o mínimo necessário seria de 60% (ou mesmo 80%, como aponta o recém lançado
Relatório Stern, assinado pelo ex-Economista Chefe do Banco Mundial). Mesmo reconhecendo que a substituição dos combustíveis fósseis por outras fontes de
energia deva acontecer de forma gradual, o ritmo das mudanças é extremamente lento. O mérito de Kyoto é dar início a um processo que, embora já tenha
produzido alguns resultados importantes, se arrasta em passo de tartaruga enquanto as mudanças climáticas vêm a galope.
Tão importante quanto o comprometimento dos países em reduzir suas emissões de gases de efeito estufa, principalmente de CO2, são as iniciativas individuais.
O que cada um de nós está disposto a fazer nesse sentido? Que pequenas mudanças podemos aplicar em nossa rotina em favor desse objetivo maior? Mudança é
uma palavra que assusta, e que muitos de nós associamos de imediato a sacrifício. Nem sempre é assim. Avalie o que lhe convém, considerando que cada
tonelada a menos de carbono na atmosfera faz toda a diferença.
Vejamos alguns exemplos do que é possível fazer hoje em benefício de um futuro menos traumático:
1) Transportes: Em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, as maiores emissões de CO2 têm origem nos automóveis. Sempre que possível, deixe o carro na
garagem e privilegie o uso de transportes públicos. Estima-se que 80% de nossos deslocamentos diários se resolvam num raio de 5 km de distância, o que abre
caminho para o uso de bicicletas ou pequenas caminhadas. Se o uso do carro for inevitável, prefira os modelos flex rodando a álcool, com motores sempre
regulados, pneus calibrados e aceleração baixa.
2) Árvores: As espécies vegetais estocam carbono nas raízes, troncos, galhos e folhas. Quanto mais árvores plantarmos, mais carbono estaremos retirando da
atmosfera. O inverso é rigorosamente verdadeiro: para cada árvore destruída haverá mais carbono agravando o aquecimento global.
3) Construções inteligentes: Luz e ventilação naturais demandam um consumo menor de energia. Certos materiais usados no revestimento de casas e escritórios
também ajudam a conservar a temperatura ambiente de modo agradável, sem a necessidade de ventiladores ou aparelhos de ar-condicionado.
4) Consumo: Um estilo de vida consumista acelera a exaustão dos recursos naturais. Todos os produtos demandam matéria-prima e energia para existir. Quem
consome muito além do necessário agrava a pressão sobre os estoques de energia, com reflexos importantes sobre as emissões de CO2. Apesar do que apregoam
muitas campanhas publicitárias, é possível ser feliz com menos, bem menos do que aparece nos comerciais.
5) Neutralizando as emissões: A Copa do Mundo da Alemanha foi a primeira da História a neutralizar totalmente as emissões de gases estufa. Com precisão
germânica, a organização do evento estimou a quantidade de CO2 emitida pelos 3 milhões de visitantes e investiu em projetos que retiraram da atmosfera a
mesma quantidade de gás estufa. Isso já está sendo feito no Brasil e no mundo em shows de música, lançamentos de livros ou CDs. Para muitos empresários,
esse é um excelente filão de negócios na direção da responsabilidade social corporativa.
Seria ótimo se a responsabilidade de reduzir as emissões de CO2 fosse apenas dos países. Mas estamos sendo convocados individualmente à ação enquanto
consumidores, eleitores e habitantes de um país em desenvolvimento, categoria apontada pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU
como bastante vulnerável às turbulências que vêm por aí. Podemos e devemos nos antecipar a isso.
André Trigueiro é jornalista da Globo News e da CBN, pós-graduado em Gestão Ambiental na COPPE/UFRJ, criador e professor do curso de
Jornalismo Ambiental da PUC/RJ e autor do livro "Mundo Sustentável", da Editora Globo.
(Artigo publicado em 21/11/2006 no jornal "O Globo")

Vítimas no banco de trás do carro são 70% do total - O Globo Online

Vítimas no banco de trás do carro são 70% do total - O Globo Online
É impressionante como pessoas bem informadas preferem deixar os filhos sem cinto do que se estressar com reclamações das crianças. Falta autoridade e vontade.

quarta-feira, janeiro 31, 2007

Barbie - Como reproduzimos nosso consumismo em nossas filhas



Barbie

Rubem Alves

Fiquei comovido quando li que foram encontradas bonecas em túmulos de crianças no Egito, na Grécia e em Roma. Pude imaginar o que os pais deveriam estar sentindo ao colocar aquele brinquedo junto ao corpo da filha morta. Eles o faziam para que ela não partisse sozinha, para que ela não tivesse medo.

De fato, uma criança abraçada a uma boneca é uma criança sem medo, uma criança feliz. Os meninos, proibidos de ter bonecas, se abraçam aos seus ursinhos de pelúcia. E nós, adultos, proibidos de ter bonecas e de ter ursinhos de pelúcia, nos abraçamos ao travesseiro... Os objetos são diferentes, mas o seu sentido é o mesmo: o desejo de aconchego e de ternura.

Por isso eu acho que o senhor e a senhora fizeram muito bem ao dar uma boneca de presente para a sua filhinha.

Com uma exceção, é claro: se a boneca não foi a Barbie.

Porque a Barbie não é uma boneca. Falta a ela o poder que têm as outras bonecas, bebezinhos, de afugentar o medo e provocar sentimento maternais de ternura. Não posso imaginar uma menina dormindo abraçada à sua Barbie. Nenhum pai colocaria a Barbie no túmulo da filha morta.
A Barbie não é boneca. É uma bruxa.
Posso bem imaginar o espanto nos seus olhos.
Eu imagino também os seus pensamentos: O Rubem perdeu o juízo. A Barbie é unta boneca de plástico, não mexe, não pensa, não fala. E agora ele diz que ela é uma bruxa...
Que as bonecas, ao contrário das aparências, têm uma vida própria, eu aprendi no 2° ano primário. Minha professora me deu um livro sobre bonecas e bonecos: enquanto a gente estava acordado, elas ficavam deitadinhas, olhinhos fechados, fingindo que dormiam. Mas bastava que os vivos dormissem para que elas acordassem e se pusessem a falar coisas.

As bonecas foram os primeiros brinquedos inventados pelos homens.
E foram também os primeiros instrumentos de magia negra. Um alfinete, aplicado no lugar certo de uma boneca – assim afirmam os entendidos – tem o poder de matar a pessoa que se parece com ela.
Pois eu digo que a Barbie é uma bruxa.
Bruxa enfeitiça.
Enfeitiçada, a pessoa deixa de ter pensamentos próprios. Só pensa o que a bruxa manda. A pessoa enfeitiçada fica possuída pelos pensamentos da feiticeira e só pensa e faz aquilo que ela manda.
Se falo é porque vi, com esses olhos que a terra há de comer.
Basta que as crianças comecem a brincar com a Barbie, para que fiquem diferentes.
O pai manda, a mãe manda, a criança faz birra e não obedece. Não é assim com a Barbie. Basta que a Barbie mande para que elas obedeçam.
De novo você vai me contestar, dizendo que a Barbie não fala e não tem vontade. Por isso não pode nem dar ordens e nem ser obedecida.
Errado.
O fantástico é que ela, sem falar e sem ter vontade, tenha mais poder sobre a alma da criança que os pais.
Quem me revelou isso foi o futurólogo Alvin Toffler, no seu livro O Choque do Futuro, que li em 1971. O capítulo "A Sociedade do Joga-Fora" começa com a Barbie. Nascida em 1959, em 1970 mais de 12 milhões já tinham sido vendidas. Um negócio da China. E por quê? Porque a Barbie, diferente das bonecas antigas, bebês que se contentam com uma chupeta e um chocalho, tem uma voracidade insaciável.

A Barbie é uma boneca que nunca está contente: ela sempre pede mais. E essa é a grande lição que ela ensina às crianças: Compra, por favor!
Para se comprar há as roupas da Barbie, a banheira da Barbie, o secador de cabelo, o jogo de beleza, o guarda-roupa, a cama, a cozinha, o jogo de sala de estar, o carro, o jipe, a piscina, o chalé de praia, o cavalo e os maridos, que podem ser escolhidos e alternados entre o loiro e o Moreno etc. Etc.
A Barbie está sempre incompleta. Portanto, com ela vem sempre uma pitada de infelicidade.
Aliás, essa é a regra fundamental da sociedade consumiste: é preciso que as pessoas se sintam infelizes com o que têm, para que trabalhem e comprem o que não têm.
A Barbie tem esse poder: quem a tem está sempre infeliz porque há sempre algo que não se tem, ainda.
E os engenheiros da inveja, a serviço das fábricas, se encarregam de estar sempre produzindo esse novo objeto que ainda não foi comprado. Mas é inútil comprar. Porque logo um outro será produzido. É a cenoura na frente do burro... Ela nunca será comida.
Quem dá uma Barbie para uma criança põe a criança numa arapuca sem saída.
Porque, ao ter uma Barbie, ela ingressa no Clube das Meninas que têm Barbie.
E as conversas, nesse clube, são assim: Eu tenho o chalé de praia da Barbie. Você não tem. Ao que a outra retruca: – Não tenho o chalé, mas tenho o marido loiro da Barbie, que você não tem.
1 - Essa é a primeira lição que a inofensiva boneca de plástico ensina. Ensina a horrível fala do eu tenho, você não tem. A maldição das comparações. A maldição da inveja.
Você deve conhecer alguns adultos que fazem esse jogo.
Haverá coisa mais chata, mais burra, mais mesquinha?
Ao dar uma Barbie de presente é preciso que você saiba que a menina inevitavelmente aprenderá essa fala.
Isso feito, uma segunda fala entra inevitavelmente em cena, impulsionada pelas ilusões da inveja.
2 - A menininha pensa: Estou infeliz porque não tenho. Se eu tiver, serei feliz.
O jeito de se ter é comprar.
_ Papai...
– Que é, minha filha?
– Compra o chalé de praia da Barbie? Eu quero tanto...
Filha na arapuca. Pai na arapuca.
Mas há uma saída.
E, para ela, procuro sócios.
Vamos começar a produzir o próximo e definitivo complemento para a bruxa de plástico: urnas funerárias para a Barbie.
Por vezes o feitiço só se quebra com o assassinato da feiticeira – por bonitinha que ela seja...

segunda-feira, janeiro 29, 2007

Nutrição Antroposófica


Alimentação equilibrada é sinônimo de boa saúde. Quem come moderadamente, procurando variar os alimentos e se preocupando com a sua procedência, certamente terá mais resistência às doenças, vigor, disposição e energia. Somos aquilo que comemos: quem ingere alimentos sadios terá um organismo são. As pessoas que consomem alimentos de origem duvidosa, ricos em substâncias artificiais (corantes e conservantes, além de adubos químicos e agrotóxicos na origem), açúcar e gorduras em excesso, certamente serão fortes candidatas a adoecer e desenvolver os chamados males da civilização, como excesso de peso, diabetes, problemas circulatórios, cálculos renais e na vesícula, entre outros.

Nas grandes cidades, porém, o ritmo de vida frenético faz com que as pessoas se alimentem mal, em horários irregulares, ingerindo rapidamente uma refeição ligeira nos fast-foods. Somos bombardeados pela mídia com apelos irresistíveis e procuramos compensar nossas carências e problemas emocionais comendo coisas “gostosas”, compulsivamente, até mesmo sem estar com fome. E só interrompemos esse círculo vicioso quando o médico nos faz um sério alerta ou a doença nos pega de surpresa.

Antes que isso aconteça, no entanto, o melhor é fazer uma pausa e tentar mudar a alimentação. Pessoas espiritualizadas, em busca de sua verdade interior, certamente irão se identificar com os conceitos da alimentação antroposófica, cujo principal objetivo é manter o organismo sadio e promover sua união com o “eu” espiritual. Mais que isso: esse tipo especial de alimentação, unida à medicina antroposófica, procura curar e prevenir doenças.

A nutricionista Cristina Bustamente é uma das divulgadoras da alimentação antroposófica e entusiasta dos seus benefícios. Ela explica que a base dessa alimentação são os alimentos orgânicos, cultivados sem o uso de adubos químicos ou inseticidas, e biodinâmicos, plantados segundo os princípios da agricultura biodinâmica, desenvolvida pelo criador da antroposofia, Rudolf Steiner. É permitida a ingestão de carne vermelha e branca, desde que os animais sejam criados em liberdade e não recebam hormônios ou ração. Também não há restrições contra a carne dos peixes, ricas em gorduras insaturadas.

O grande segredo é moderação e variedade. Ou seja: pode-se comer carne, desde que em pequenas quantidades e somente alguns dias por semana. A grande fonte de proteínas devem ser os laticínios, as leguminosas – como feijão, lentilha, ervilha e grão-de-bico – e os ovos (apenas duas vezes por semana). O açúcar deve ser substituído pelo mel ou melado e os doces pelas frutas secas. Pode-se usar também a stévia, um adoçante extraído de plantas, pois estudos indicam que ela favorece a circulação, reduzindo as possibilidades de arteriosclerose.

Margarina e banha de porco também devem ser deixadas de lado e substituídas pela manteiga e pelo óleo vegetal prensado a frio. A manteiga e o creme de leite, embora sejam de origem animal, por se dissolverem à mesma temperatura do corpo humano, não são vistos como vilões formadores do mau colesterol, mas como fontes de vitaminas, sais minerais e boas gorduras, que irão ajudar na sintetização de hormônios. Mas a sua ingestão deve ser limitada a duas colheres de chá de manteiga e uma colher de sopa de óleo por refeição.

Os alimentos podem ser assados ou cozidos e jamais fritos. Além disso, quem ingere bastante fibras de origem vegetal conta com o seu auxílio para absorver e levar consigo, nas fezes, o excesso de colesterol. As crianças, por sua vez, precisam consumir um pouco mais de gordura, pois estão em fase de crescimento e necessitam dela para a estrutura das células e síntese dos hormônios.

Também há restrição contra a ingestão de batatas e tomates, por serem plantas da família das solanáceas, que geram substâncias químicas denominadas saponinas, as quais são tóxicas e destroem as células sangüíneas. Deve-se igualmente evitar os cogumelos, que crescem no escuro, sem luz, sobre substâncias em decomposição, retendo uma energia negativa. Já os vegetais que se desenvolvem sob a luz do Sol e realizam o processo de fotossíntese retêm essa energia positiva e benéfica, que é transmitida ao ser humano.

Os brotos de sementes – como os de alfafa, ricos em vitamina C, feijão, etc. – também são recomendados como fontes de vitaminas, sais minerais e, por conterem hormônios de crescimento, benéficos às nossas células. Além disso, sua energia é extremamente positiva, pois neles a vida está em seu apogeu. Mas quem adora batatas, tomates, cogumelos e até mesmo chocolate não precisa ficar em pânico: “Nada faz mal quando consumido em pouca quantidade e esporadicamente. Comer uma pequena porção de batatas ou umas fatias de tomate de vez em quando, ou um pedacinho de chocolate, para matar a vontade, não vai prejudicar ninguém”, ensina Cristina Bustamante.

“Na visão antroposófica, a alimentação especial e equilibrada pode estar nos beneficiando tanto no plano físico quanto no etérico. Ou seja: tanto nas funções fisiológicas, como na parte emocional ou espiritual. Daí a necessidade de se estar vendo a alimentação não só como um instrumento para a saúde, mas também para o autodesenvolvimento, na medida em que o corpo é o instrumento da alma”, explica.

Ao ingerir alimentos puros que não degradam o meio ambiente, o ser humano está se integrando à natureza e também ao cosmos, ampliando sua percepção espiritual. A antrosofia pressupõe que, além do nosso corpo físico, temos mais três corpos sutis “acoplados” a ele: o corpo vital, o corpo astral (das sensações e emoções) e o corpo do eu, relacionado com o espírito. Assim como o corpo físico é alimentado pelas substâncias físicas provenientes dos alimentos, os corpos sutis também são “alimentados” pelas substâncias energéticas contidas nesses mesmos alimentos.

Os alimentos de origem mineral são desprovidos de vida e devem ser ingeridos moderadamente, como é o caso do sal e do açúcar. (O açúcar é de origem vegetal, mas tem características de um mineral.) Sal e açúcar em excesso tendem a “mineralizar” o nosso corpo, enrijecendo as articulações, criando cálculos nos rins e na vesícula e nos desvitalizando. O animal, por sua vez, já utilizou parte da sua energia etérica, transformando-a em instintos e sensações. Por isso, a ingestão de carne animal irá sobrecarregar o nosso organismo, que terá de destruir essa energia astral estranha, além de nos transferir as qualidades desses seres, como excesso de agressividade e sensualidade. Nesse caso, a exceção fica por conta do leite e dos ovos. O leite contém ainda energia etérica altamente benéfica, isenta de energia astral, pois se destina a transmitir vida a uma cria, sendo “doado” com amor. O ovo fecundado, da mesma forma, contém a vida em seu interior, pronta para se desenvolver, mas não tem a energia astral da própria ave.

O segredo de uma alimentação sadia, sob o ponto de vista da antroposofia, não está apenas em ingerir alimentos saudáveis e descontaminados, mas que sejam igualmente frescos e cheios de energia etérica vital. Isso não acontece com as conservas, congelados, alimentos industrializados e enlatados, que devem ser deixados de lado. Da mesma forma, não se recomenda o uso do forno de microondas, na medida em que esse tipo de ondas destrói essa energia benéfica. O melhor é sempre cozinhar pequenas porções de alimentos e evitar que fiquem “rolando” na geladeira. No entanto, é viável cozinhar uma refeição à noite e guardá-la na geladeira a fim de ser ingerida no trabalho, durante o almoço. Nesse caso, porém, o indivíduo terá de comer alimentos frescos nas demais refeições.

O uso correto dos utensílios de cozinha também é fundamental para conservar a energia etérica dos alimentos. As panelas mais indicadas são as de aço inoxidável, vidro e pedra-sabão, por não desprenderem resíduos. As que causam mais danos são as de alumínio, na medida em que partículas dessa substância ingeridas diariamente podem, a longo prazo, causar doenças. Da mesma forma, deve-se evitar o uso de papel alumínio ou utensílios desse material para guardar água, sucos ou comida.

Alimentação variada – Segundo a nutricionista Cristina Bustamante, “a grande crítica contra a dieta vegetariana ou com pouca ingestão de carne é que há o risco de a pessoa ficar anêmica. Mas uma dieta equilibrada e balanceada irá fornecer ao organismo todos os nutrientes de que necessita, especialmente o ferro. É verdade que o ferro de origem animal é absorvido mais rapidamente pelo nosso aparelho digestivo, porém, quando ingerimos os alimentos vegetais ricos desse metal, o nosso organismo ‘aprende’ a processá-lo de maneira mais eficiente”, explica. Além disso, é igualmente importante ingerir leite fresco integral de boa qualidade e laticínios como fontes de vitamina B12, presente na carne. Quanto mais variada for a alimentação, melhor, porque aí o indivíduo terá a certeza de estar ingerindo todos os elementos necessários ao bom funcionamento do seu organismo. Porém, são contra-indicadas as vitaminas, sais minerais e oligoelementos sintetizados, por serem substâncias arti-ficiais e estranhas ao nosso corpo.

Os laticínios (leite, queijos, iogurtes e coalhadas) e os cereais (arroz, centeio, aveia, trigo integral, painço, trigo sarraceno, cevada e milho) são alimentos ideais para serem consumidos diariamente. Já as leguminosas, como feijão, lentilhas, ervilhas e grão-de-bico, são boas fontes de proteína, mas devem ser ingeridas apenas três vezes por semana, durante o almoço. Os ovos podem ser comidos cozidos, ou entrar na composição de pratos; o seu consumo, porém, deve se limitar a duas unidades por semana.

Cristina Bustamante faz uma observação importante: não adianta nos preocuparmos apenas com o organismo e ignorarmos o nosso lado emocional, pois corpo e alma estão ligados e são, na verdade, uma coisa só. Quem se alimentar corretamente com certeza vai ficar mais forte e irá adquirir resistência contra doenças. Mas poderá adoecer se continuar introjetando seus medos, frustrações, angústias, raiva, ódio e amarguras, que poderão desencadear males crônicos, como artrites, gastrites e gerar até mesmo um câncer. “Devemos resolver as nossas pendências emocionais por meio de terapias, a fim de que tenhamos uma mente sã num corpo são, buscando a nossa paz interior”, adverte. Ela também não descarta fatores genéticos co- mo a origem de doenças e até mesmo pendências carmáticas trazidas de outras vidas.

Acupuntura pode tratar inúmeras doenças, diz estudo

A acupuntura chinesa pode tratar 461 doenças, a maioria delas relacionada ao sistema nervoso, segundo uma pesquisa realizada por especialistas do país oriental e publicada hoje pelo jornal oficial China Daily.

O doutor du Yuanhao, do Centro de Pesquisa de Acupuntura Chinesa de Tianjin, afirmou que a maioria das doenças nas quais esta prática é eficaz está relacionada com o sistema nervoso, o digestivo, o genitourinário, os músculos, os ossos e a pele.

Concretamente, doenças como a apoplexia, a diarréia, a enterites, a demência e as brotoejas cutâneas podem ser tratadas pela acupuntura.

Os pontos fundamentais desta prática se encontram na pele e por isso o tratamento pode ser eficaz em doenças musculares e dermatológicas, explica du, de 43 anos.

"Além disso, por estes pontos transcorrem numerosas terminações nervosas, o que pode levar à cura de doenças do sistema nervoso e outras cujas funções são controladas pelos nervos", acrescentou.

No entanto, a acupuntura não é eficaz contra todas as doenças, embora seja mais fácil de lidar em comparação com outros tratamentos, segundo o especialista.

O responsável pelo estudo trabalha agora na classificação destas 461 doenças. "Vou criar três categorias: as que podem ser curadas apenas mediante a acupuntura, aquelas para as quais a acupuntura é o tratamento principal e as doenças nas quais a acupuntura pode ajudar".

A acupuntura faz parte da medicina tradicional chinesa, uma prática que conta com dois mil anos de vida, e consiste na inserção de agulhas metálicas na pele para aliviar a dor e tratar doenças.

Blog sobre fibromialgia

A Dor e a Delícia de Ser o que é

Acupuntura tem resultados comprovados para diminuir a dor na fibromialgia


Um estudo americano, divulgado em junho de 2006, sugere que a acupuntura reduz os sintomas da fibromialgia, uma desordem caracterizada por dor crônica, espalhada pelos músculos e ossos e extrema fadiga.

Pesquisadores da Mayo Clinic de Rochester, Minnesotta, estudaram 50 pacientes portadores de fibromialgia inscritos em uma pesquisa randômica e controlada para determinar se a acupuntura melhorou seus sintomas.

Sintomas de pacientes que receberam acupuntura melhoraram significantemente, se comparados com o grupo de controle, de acordo com o estudo publicado na edição desse mês da "Mayo Clinic Proceedings".

"Os resultados do estudo me convencem que é algo mais que um efeito placebo para a acupuntura," disse o autor principal, Dr. David Martin, anestesiologista da Mayo Clinic .

Nâo existe cura conhecida para a fibromialgia, que pode envolver também enrijecimento das articulações e distúrbios de sono. Os tratamentos disponíveis, no momento, são apenas participamente eficientes.

Fonte: United Press International - Rochester, Minnesotta, 14 de Junho.

domingo, janeiro 28, 2007

Dos Druidas à Medicina Antroposófica


Fundamentado sobretudo na ciência alquímica e nas propriedades espirituais da natureza, o sistema de cura druídico emprestou ao homem moderno as bases da medicina antroposófica.

Por Sérgio Mortari

Há 20 séculos, até ser destruído pelos romanos, o povo celta habitava a região compreendida pela Grã- Bretanha e a Gália. Entre as suas classes sociais, a de maior prestígio era a dos druidas, sacerdotes com elevados conhecimentos religiosos, astronômicos, jurídicos, médicos, alquímicos e astrológicos. Como autoridades máximas, eles presidiam várias celebrações, que eram efetuadas no campo, em altares circulares feitos de pedras. Stonehenge, na Inglaterra, é o exemplo que restou desse tipo de monumento.

Adeptos da medicina natural, os druidas, na verdade, viam nas propriedades das plantas a maior fonte de tratamento e cura das doenças, físicas e espirituais. Ao mesmo tempo, levavam em consideração os princípios da alquimia e os efeitos do magnetismo humano e terrestre.

A medicina druídica baseava-se, sobretudo, na ciência da alquimia, que utiliza o conhecimento, a captação e a utilização de energias sutis do homem e da natureza para diagnosticar e tratar os males de seus pacientes, pois seus fundamentos estavam relacionados à visão do homem como um todo harmônico com a natureza.

Sob a ótica da medicina druídica, o homem manifesta suas atividades básicas através dos cinco domínios – físico, mental, astral, psíquico e causal – e dos sete sentidos – tato, paladar, visão, audição, olfato, percepção e intuição.

Tato e paladar são sentidos físicos, assim como a visão, o olfato e a audição, já que não ultrapassam o lado material das coisas. A percepção é um sentido superior muito importante para o uso da radiestesia, pois permite a captação e interpretação das emanações dos diversos corpos. A intuição, por sua vez, é o elo de ligação com outras dimensões, não acessadas pelos sentidos anteriores.

O sentido da visão também está relacionado com o domínio mental, possibilitando o exercício de sua inteligência através da aquisição e divulgação de conhecimentos úteis a todos.

A audição e o olfato também têm relação com o domínio astral, que está ligado às emoções e aos desejos e possibilita ao homem que, através do autoconhecimento, perceba a si e aos outros. Dessa forma, ele passa a respeitar mais os demais componentes da natureza.

Associada ao domínio psíquico, a percepção é a fonte de onde o homem recebe lampejos intuitivos, inspirações e revelações. Já o domínio causal relaciona-se com a consciência, que, em última análise, é o próprio livre- arbítrio.

Entre os rituais que os druidas realizavam ao longo do ano, havia um de muita relevância, que acontecia no sexto dia da Lua cheia: a colheita do visgo, uma planta rara, parasita do carvalho, que era considerada um remédio milagroso. Para preservar suas qualidades de planta sagrada e imortal, o visgo era colhido com uma foice de ouro, uma vez que se acreditava que o ferro poderia deturpar suas virtudes.

O carvalho, árvore de copa frondosa, grande altura e vida longa, cuja madeira é de excelente qualidade, era a árvore de maior representatividade simbólica para os druidas, pois estava associada à força moral, à lealdade, ao vigor. Além disso, era considerado a árvore do saber acumulado, que leva à perfeição física, moral e espiritual.

Os druidas conheciam o caráter espiritual das propriedades que o visgo adquiria ao parasitar o carvalho e sa-biam como isso poderia ser utilizado para uma melhor integração do homem com o universo. Consideravam que, sendo o visgo uma planta aérea, cujas sementes são transportadas pelo vento e pelos pássaros do céu, estava associada às diversas reencarnações pelas quais a alma passa. Sua atuação era efetiva sobre os cinco domínios, uma vez que o visgo simbolizava a sobrevivência da alma e, portanto, a capacidade de regeneração física.

Seguindo o mesmo raciocínio dos druidas sobre as propriedades espirituais das plantas e o desenvolvimento dos talentos humanos, vamos encontrar o trabalho de pesquisa que resultou nos ensinamentos da medicina antroposófica. Os estudos de Rudolf Steiner demonstram, por exemplo, o quanto o câncer é uma força desequilibradora da harmonia entre os corpos físico, etérico, astral e do Eu, e por isso antinatural, contra a natureza humana. O câncer é uma rebelião de células que pretendem, a partir de um organismo, criar um outro com vida independente, mas nutrindo-se de forma parasita do primeiro. Como o visgo consegue atingir e equilibrar a atuação dos quatro corpos, ele é indicado como tratamento complementar às terapias oncológicas.

Para que haja equilíbrio no corpo físico, a antroposofia recomenda:

• Manter uma disciplina alimentar, buscando ingerir alimentos naturais, como frutas, legumes e verduras.

• Evitar alimentos excitantes, como chás e café. Não ingerir enlatados, embutidos, refrigerantes, bebidas alcoólicas e preparados artificiais.

• Praticar a respiração dirigida, que é feita em lugares abertos, onde o contato direto com a natureza permite uma inspiração profunda de oxigênio, que trará consigo outras energias sutis.

• Ingerir água logo após o exercício de respiração, para que haja maior difusão das energias aspiradas no corpo.

• Fazer uma ginástica que utilize movimentos rítmicos e suaves, considerando-se as limitações naturais do corpo, como caminhar de forma moderada e praticar exercícios de relaxamento.

quinta-feira, janeiro 25, 2007

Ao Natural - O Crescimento da Fitoterapia


Com apoio de médicos e cientistas, a fitoterapia, tratamento à base de plantas medicinais, cresce no Brasil

“Minha terra tem palmeiras
onde canta o sabiá (...)
Nossas várzeas têm mais flores
Nossos bosques têm mais vida (...)
Minha terra tem primores
que tais não encontro eu cá”

Gonçalves Dias – Canção do exílio

Juliane Zaché

A flora brasileira sempre foi exaltada em verso e prosa, como no trecho acima do poema de Gonçalves Dias. Hoje em dia, porém, não é apenas a beleza de nossas florestas que encanta o mundo. A ciência está comprovando a eficácia de receitas populares, feitas à base de ervas, para tratar a saúde. Os pesquisadores sabem que existe um tesouro precioso nas entranhas das árvores e plantas nativas do Brasil. Por isso, pense duas vezes antes de recusar aquele chazinho de sua avó contra enjôos, por exemplo. A bebida pode ser eficaz. Por trás desta garantia estão estudos científicos de faculdades renomadas, como a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Além disso, tornou-se comum encontrar artigos sobre fitoterápicos (remédios elaborados com o princípio ativo de vegetais) em publicações científicas de prestígio, como a revista Lancet e o British Medical Journal. E a medicina dá respaldo à fitoterapia (tratamento à base de plantas medicinais). “Ela pode ser uma alternativa para as pessoas”, afirma o nefrologista Nestor Schor, da Unifesp, que pesquisa em seres humanos a planta quebra-pedra contra cálculos nos rins.

Não é só a medicina que acordou para a importância das plantas. Também estão pegando carona na onda verde os laboratórios farmacêuticos e as empresas de cosméticos. Essas indústrias descobriram que estão diante de um filão muito rentável. E, obviamente, não querem perder tempo. A consultoria Booz.Allen & Hamilton estima que o mercado mundial de fitoterapia movimente cerca de US$ 22 bilhões por ano. Em 2000, o setor faturou nos Estados Unidos US$ 6,3 bilhões. Na Europa, foram US$ 8,5 bilhões. No Brasil, não há estatísticas oficiais, mas calcula-se que o faturamento esteja na casa dos US$ 500 milhões. A previsão dos consultores é de que em 2010 esse montante passe a ser US$ 1 bilhão no País. Enquanto isso, o segmento vai se diversificando. Já se encontram nas farmácias desde medicamentos contra tensão pré-menstrual (TPM) até cremes antienvelhecimento. “É um mercado valioso, pois cerca de 20% dos microrganismos daqui não são encontrados lá fora”, afirma José Eduardo de Mello, vice-presidente de relações institucionais do Laboratório Aché, que investe na área. “O Brasil tem potencial para ser o grande produtor de novas drogas fitoterápicas”, acredita.

Impotência – Ainda assim, o consumidor brasileiro não deixa de recorrer a alternativas tiradas do jardim alheio. Um dos tratamentos fitoterápicos que vêm despertando a atenção de médicos e pacientes é a planta indiana Tribulus terrestris, comercializada no Brasil em forma de cápsulas e gel. Ela é indicada contra a falta de libido e a impotência. Recentemente, seus efeitos foram apresentados num congresso no Rio pelo ginecologista Décio Alves, coordenador do serviço de terapias naturais e acupuntura da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Pesquisas americanas já comprovaram a ação da planta nos casos de impotência. Alves está testando o remédio para tratar a falta de desejo associada à menopausa – quando o nível de hormônios se altera, diminuindo a lubrificação genital, entre outros efeitos. Aparentemente, com sucesso. “Por meio de mecanismos complexos, o vegetal aumenta em 30% a produção de testosterona (hormônio presente em baixas doses na mulher). Ele modifica os níveis de neurotransmissores no cérebro, estimulando o desejo e o bem-estar”, explica Alves. A carioca Frigg Lopes de Oliveira, 58 anos, está feliz com o tratamento. Há dois anos, ela entrou na menopausa. “Fiquei sem desejo sexual”, conta. Há seis meses, ela passou a usar a Tribulus. “Hoje me sinto mais viva e meu marido está adorando o resultado”, comemora.

Efeito – Contra a impotência, a planta é benéfica porque melhora a circulação sanguínea, o que facilita a irrigação do pênis e sua ereção. Alves vê ainda mais uma vantagem em usar a Tribulus em vez do Viagra. “A pílula ajuda apenas na vascularização local, enquanto a planta atua no sistema nervoso, no raciocínio e na memória, sendo que a boa performance sexual também é consequência da melhora geral da saúde”, justifica. Até o momento, Alves não notou nenhum efeito colateral em seus pacientes. Mas o médico não recomenda a planta, por exemplo, para quem já teve câncer de próstata. “Isso porque a doença está ligada ao aumento da testosterona”, esclarece. O especialista também ressalta a importância do acompanhamento médico durante o tratamento com a planta indiana.

Mas os nossos quintais também têm opções naturais para problemas sexuais, assim como outras alternativas para tratar diversas doenças. No primeiro caso, a sabedoria popular recomenda a nó-de-cachorro (Heteropterys aphrodisiaca O. Mach), muito encontrada na região do Pantanal. Lá, usam-se a raiz e a casca da erva, curtidas na cachaça, para preparar uma bebida com suposto efeito afrodisíaco. Por enquanto, essa ação ainda não foi testada. O interesse dos cientistas em relação ao vegetal está no campo da memória e do aprendizado. Pesquisadores da Unifesp fizeram estudos com ratos jovens e velhos. Para testar a memória dos roedores, os animais foram colocados em uma caixa com compartimentos que levavam a uma isca. Dentro dela havia um equipamento que dava choques se os bichos encostassem o nariz no local, instalado próximo ao alimento. “Os ratos jovens aprenderam rapidamente que não deviam atravessar a caixa, mas os idosos demoraram um pouco para perceber isso”, conta Elisaldo Carlini, professor do departamento de psicobiologia da Unifesp. Depois, durante sete dias todos os animais beberam um líquido à base do extrato da planta nó-de-cachorro. Novamente, eles foram colocados à prova. Só que dessa vez os ratos idosos aprenderam a lição tão bem quanto os jovens.

Sucesso – A experiência teve tanta repercussão que o Laboratório Biossintética, de São Paulo, adquiriu a patente da planta e está realizando pesquisas mais avançadas. “O nosso objetivo é criar no futuro um medicamento eficaz contra a perda de memória”, informa Márcio Falci, diretor médico do laboratório. Falci também vê outras qualidades que justificam o investimento de R$ 2 milhões na planta nó-de-cachorro. Para ele, o desenvolvimento de produtos fitoterápicos é trabalhoso, mas o processo é menos complexo do que fabricar remédios químicos. “A sabedoria popular já te dá pistas importantes sobre o uso medicinal das plantas, enquanto no caso dos sintéticos é preciso desenvolver uma molécula”, acrescenta.

Outro laboratório que também está interessado nas pesquisas da Unifesp é o Aché, que criou uma área de fitoterápicos. Mas a empresa está atenta à famosa espinheira-santa (Maytenus ilicifolia), que combate a úlcera – inflamação da parede estomacal. “Estamos começando os estudos com voluntários”, afirma José de Mello. No departamento dedicado ao mundo verde, estão em estudos o efeito terapêutico de plantas como a erva-baleeira, conhecida popularmente por atuar como antiinflamatório e também por agir contra a úlcera. O laboratório pretende desenvolver remédios a partir desses trabalhos. O Aché tem ainda projetos na região de Tocantins para analisar o potencial da vegetação do cerrado.

Quem também aposta na fitoterapia é a Ativos Farmacêutica, de Campinas (SP). Ela patenteou a pesquisa da planta artemísia (Artemisia annua) para avaliar a ação contra casos graves de malária – infecção causada pelo parasita Plasmodium –, resistentes à terapia convencional. O estudo, que teve resultados positivos, foi conduzido pela divisão de farmacologia e toxicologia da Universidade de Campinas (Unicamp). “Substâncias existentes na planta combatem a malária”, garante o farmacologista João Ernesto de Carvalho, um dos responsáveis pela pesquisa. “Estamos esperando a abertura de uma licitação, pois vamos tentar vender a droga para o governo, já que a malária é um problema de saúde pública”, diz Alexandre Frederico, diretor médico da Ativos. A Unicamp também está estudando a ação terapêutica de 30 plantas do Estado de São Paulo. Desse número, seis já mostraram benefícios contra células tumorais in vitro.

No sertão nordestino também se encontra um dos alvos da fitoterapia. A planta aroeira-do-sertão (Myracrodum uru de uva) está na mira da Universidade Federal do Ceará. Ela se mostrou eficaz no tratamento de feridas nos genitais e na virilha. “Os testes foram feitos apenas em ratos”, observa o farmacologista Francisco Matos, orientador da tese de mestrado baseada nessa experiência. “A aroeira tem várias substâncias que tratam a mucosa vaginal”, esclarece. Os benefícios da planta já eram conhecidos pelas sertanejas. Elas cozinham a casca de aroeira, despejam o líquido em uma bacia e fazem o famoso banho de assento.

Gripe – O amplo uso popular das ervas medicinais foi um dos fatores que levaram o cantor Luiz Melodia, 50 anos, a adquirir o hábito de recorrer às soluções naturais. “Desde criança, minha mãe preparava meu banho com erva-de-santa-maria para curar inflamações da pele”, recorda-se. Hoje, sempre que pode ele consome fitoterápicos, principalmente para enfrentar gripes e resfriados. Para casos em que uma simples gripe se agrava e se transforma em tuberculose, pesquisadores da Universidade Estadual do Estado de São Paulo, em Araraquara, descobriram uma alternativa natural. O trabalho, coordenado pela microbiologista Clarice Fujimura, mostrou que, em laboratório, o óleo essencial de eucalipto, do tipo Eucaliptus citriodora, teve ação tóxica contra a bactéria responsável pela doença. No momento, os especialistas tentam, por meio de técnicas complexas, aumentar a potência terapêutica do eucalipto.

As investidas não param por aí. A Fundação Oswaldo Cruz, do Rio, está criando um megahorto na zona oeste da cidade para a cultura de plantas medicinais. Cerca de 100 espécies serão cultivadas. Delas, 34 já vêm sendo estudadas para a produção de remédios. O Laboratório de Produtos Naturais, que pertence à instituição, investiga as propriedades farmacológicas de plantas normalmente consumidas pela população. Uma delas é a erva-cidreira brasileira. “Até agora se conhece o efeito da européia, usada como calmante”, diz o farmacêutico José Luiz Ferreira, um dos integrantes do projeto.

Mas o entusiasmo pelo poder verde não significa que as drogas químicas serão substituídas pelas fitoterápicas. “Dependendo do caso, se for necessário um resultado mais rápido, o ideal é indicar os sintéticos, que são mais potentes”, observa José Augusto Zuard, ginecologista do Rio que receita há três anos fitoterápicos para suas pacientes. “Eles são menos agressivos do que os medicamentos químicos, pois sua ação é mais lenta. Mas não dá para achar que, só porque é natural, a planta seja inofensiva”, ressalta. Certos remédios feitos com o princípio ativo de plantas só devem ser vendidos com prescrição médica. Os comercializados sem receita também exigem atenção. Para adquirir os remédios naturais com segurança é necessário seguir algumas regras, como o nome do farmacêutico responsável. Os fitoterápicos podem causar prejuízos ao organismo se não forem tomados com precaução. O ginko biloba, por exemplo, promete melhorar a memória, mas, se for consumido em excesso, pode causar fortes dores de cabeça. “Outra dica é evitar comprar a planta in natura, já que a olho nu não dá para ver se ela está contaminada”, avisa Luís Carlos Marques, farmacêutico da Universidade Estadual do Maringá (PR).

Os fitoterápicos são remédios sérios. Tanto é que a farmacologia (ramo da medicina que estuda medicamentos) surgiu a partir de pesquisas de substâncias extraídas de ervas. Atualmente, pelo menos 25% dos medicamentos alopáticos derivam de plantas – a aspirina, por exemplo, originalmente foi extraída da planta Salix alba (daí o nome de seu princípio: ácido salicílico). Uma das vantagens dos remédios naturais é o preço, em geral mais barato do que os dos medicamentos convencionais. É verdade que existem alguns fitoterápicos que pesam mais no bolso. De acordo com o farmacêutico Marques, esses remédios necessitam de várias etapas para serem produzidos, o que pode encarecê-los. De uma forma ou de outra, as pessoas passaram a recorrer mais às soluções vindas dos vegetais. “Houve uma inversão de valores. A população está buscando alternativas mais naturais, pois perceberam que a tecnologia não soluciona todos os problemas”, avalia o médico carioca Alexandros Botsaris, especialista em fitoterapia. É o caso da consultora de marketing Roseclair Fujita, 40 anos, de São Paulo. Desde a adolescência, ela usa fitoterápicos. “Qualquer problema que tenho, lanço mão deles”, conta. O hábito se estendeu à família. Seus filhos, Jade, 19 anos, e Ubiatan, 17, também são adeptos da linha natureba. Ainda mais quando o tratamento veio da flora brasileira. “É preciso valorizar o que é nosso”, diz Roseclair.

Hormônios – Entre os consumidores de fitoterápicos estão muitas mulheres. Principalmente as que entram na menopausa. Nesse período, é comum elas receberem reposição hormonal (com drogas químicas) para evitar sintomas como ondas de calor. Uma alternativa para essas pacientes é o uso de fito-hormônios, como o Clifemin (à base da planta canadense Cimicifuga racemosa), do Laboratório Herbarium, de Curitiba. Os fito-hormônios têm substâncias encontradas nas plantas que possuem a estrutura química ou atividade semelhante ao dos hormônios produzidos pelo organismo, como a progesterona. Só que a ação deles é mais leve do que a reposição hormonal tradicional. “Dessa forma, os efeitos colaterais são menores”, assegura Carina do Amaral Gurgel, farmacêutica da Naturativa, farmácia de manipulação, no Rio. Os fito-hormônios são muito indicados para mulheres com casos de câncer na família. Isso porque há relação entre a reposição química de progesterona (cujo nível se altera durante a menopausa) e o surgimento de tumores. Por estar dentro desse grupo de risco, Rogélia Pereira Ferreira, 47 anos, adotou o fito-hormônio. Ela usa o fitoterápico chinês Dong Quai (feito com a raiz da Angelica sinensis), um dos lançamentos da farmácia Naturativa, do Rio. “Tinha ondas de calor, que diminuíram bastante”, conta. “A planta é rica em fitoestrógenos, compostos que substituem a carência de hormônios do organismo”, explica Carina.

Sensibilidade – Há também opções para quem sofre de TPM, distúrbio provocado por alterações hormonais e caracterizado por sintomas como irritabilidade e cansaço. No mercado fitoterápico, uma alternativa está fazendo sucesso: as cápsulas de óleo de prímula. A advogada Regina Teixeira, 31 anos, está contente com o uso da planta. “Sentia muitas dores musculares. Nem analgésicos adiantavam. Os sintomas diminuíram com as cápsulas”, diz. O princípio ativo que comanda sua ação contra a TPM é o ácido gama linolênico, extraído de sementes de prímula. “O linolênico regula a liberação de prostaglandina, substância que atua nas reações inflamatórias e ajuda a diminuir a dor. Quando seu nível cresce durante a TPM, a sensibilidade também aumenta”, explica o ginecologista Eliezer Berenstein, autor do livro Inteligência hormonal da mulher (Editora Objetiva). Mas ele adverte que, no caso de sintomas como compulsão alimentar e retenção de liquidos, a prímula não mostra bons resultados.

As mulheres são beneficiadas pela fitoterapia também na área de cosméticos. A farmácia Naturativa, por exemplo, tem como novidade o creme Iris Iso, extraído do lírio. Ele promete fortalecer a pele e hidratá-la. Também na linha beleza, há mais opções. Em 2000, a Natura lançou a família Ekos, com produtos feitos a partir de substâncias de plantas. Inspirada nas riquezas da Amazônia, o objetivo é resgatar os hábitos medicinais da população. Este ano, a Natura deu mais uma tacada no segmento. Comprou o laboratório carioca Flora Medicinal, que atua no setor há 89 anos. “Queremos continuar mantendo a imagem de uma empresa que se preocupa com a saúde”, ressalta Eduardo Luppi, diretor-geral da Flora Medicinal, recém-adquirida.

Benefício – Os homens também tiram proveito da onda verde. O Instituto de Beleza Anna Pegova, em São Paulo, lançou sua linha de fitoterápicos, composta por produtos como Circuline, cápsulas feitas com folhas de uva. A empresa garante que o medicamento estimula a circulação sanguínea, evitando dores nas pernas, por exemplo. O corretor de imóveis José Arnaldo Casasus, 37 anos, de São Paulo, toma o remédio para prevenir inchaço nas pernas. “Sinto-me mais disposto a realizar minhas caminhadas”, garante. A incorporação de princípios ativos extraídos de plantas por diversos segmentos da sociedade reforça o poder da fitoterapia. E mostra que algumas soluções para nossos problemas podem estar florescendo bem diante de nossos olhos.

Colheita na hora certa

A planta é um organismo vivo e suas estruturas são engenhosas como o corpo humano. E não funcionam sempre da mesma forma. A espécie pode sofrer, por exemplo, com a ação do tempo, o que altera a concentração de seus princípios ativos. Sendo assim, é importante saber a hora certa de colher o vegetal, pois suas substâncias são mais potentes numa determinada estação. “Se ela não for colhida na época ideal, é preciso usar técnicas especiais de cultivo para aumentar a presença dos componentes”, ressalta Luis Vitor do Sacramento, botânico da Universidade Estadual de São Paulo, em Araraquara. Uma das funções do especialista é sair a campo para identificar informações sobre as plantas e analisá-las em laboratório.


Sem padrão definido

Um obstáculo que os fabricantes de fitoterápicos são obrigados a enfrentar é a ausência de padrões na dosagem dos princípios ativos das plantas que formam a base de um medicamento. Isso significa, por exemplo, que um laboratório pode produzir um extrato com 20% de uma substância e outro com apenas 10%. “Obviamente, a qualidade do produto fica comprometida”, diz Olga Mellone, diretora médica do Laboratório White Hall, em São Paulo. A Agência Nacional Vigilância Sanitária (Anvisa) está atenta à questão. O órgão diz que só dá para controlar o problema exigindo estudos científicos dos fabricantes. “Não adianta ir na mata pegar folhas e fazer um chazinho”, diz Maurício Viana, gerente de medicamento da instituição.


Tesouro brasileiro ameaçado

Não resta dúvida sobre a riqueza da flora brasileira. Mas ainda há muitos espinhos envolvidos com a exploração de nossas matas. Para alguns especialistas, um obstáculo é a ineficácia da legislação. A Resolução 17/2000, que regulamenta a fitoterapia, estipula um prazo de dez anos de estudos para comprovar a ação das plantas. “É um tempo longo para pesquisas. Alguns empresários preferem investir nas plantas chinesas com efeito já comprovado”, diz Elisaldo Carlini, da Universidade Federal de São Paulo. Maurício Viana, gerente de medicamentos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), desconhece essa fixação de prazo. Ele informa que a agência exige apenas estudos sérios comprovando os efeitos dos vegetais. Os especialistas se queixam também da atuação dos órgãos governamentais. “Procurei a Anvisa para saber o número de empresas de fitoterápicos no Brasil. Até agora não obtive os dados”, lamenta Magrid Teske, presidente da Associação Brasileira da Indústria Fitoterápica.

Enquanto isso, investidores estrangeiros fazem cerco à flora brasileira. Por essa razão, o governo planeja construir uma empresa de biotecnologia na Amazônia e assim controlar a exploração da floresta. “Nós perdemos o bonde da ciência e da química, mas não podemos perder o da fitoterapia”, afirma José Bandeira Mello, do Laboratório Aché. “Falta uma política nacional, envolvendo governo, universidade e indústria farmacêutica”, conclui João Calixto, da Universidade Federal de Santa Catarina.

Brincar é uma condição básica para a saúde « Saúde Alternativa

Brincar é uma condição básica para a saúde « Saúde Alternativa

quinta-feira, janeiro 18, 2007

Remédios Homeopáticos


A automedicação, decisão de tomar remédios para as mais variadas doenças sem orientação médica, é totalmente condenável. Coibir essa prática, porém, não é tarefa das mais fáceis, visto que, se entrarmos numa farmácia e pedirmos um remédio para dor de cabeça, o vendedor nos fornecerá pelo menos cinco opções: comprimidos grandes, pequenos, amarelos, brancos, cor-de-rosa, com preços igualmente variáveis. Mas como se sabe que esses remédios são realmente indicados para dor de cabeça – um sintoma associado a muitas doenças, que vão desde a dengue até a meningite, passando pela gripe? É só ler a bula.

Uma característica do remédio alopático é, de fato, a presença de bula, que informa, e muito bem, as propriedades do remédio, mas numa linguagem direcionada para os médicos. O leigo, ao consultá-la, com certeza será induzido ao erro, pelo desconhecimento do significado da terminologia usada. Tomar um remédio para dor de cabeça sem saber a sua causa poderá, por exemplo, levar a uma dor de estômago ou, o que é pior, mascarar a moléstia real em curso.

Quando utilizamos a medicina homeopática para tratamento, uma das coisas que nos chama a atenção é a ausência de bula nos frascos de remédio. A Associação Brasileira de Farmacêuticos Homeopatas divulgou panfletos, em excelente trabalho de esclarecimento, explicando que o frasco de medicamento original e manipulado de acordo com a prescrição médica, deve conter:

1) A identificação do nome do estabelecimento (farmácia), com endereço, cidade, Estado e CNPJ – para garantir ao paciente que se trata de uma empresa que obedece as normas legais.

2) Nome do farmacêutico responsável e seu número de inscrição no Conselho Regional de Farmácia, assim como o nome do médico que fez a prescrição e seu competente registro no Conselho Regional de Medicina.

3) Nome do medicamento (por exemplo, Arnica montana); a potência (quantidade de vezes que o remédio foi dinamizado), que é indicada por um número; e o método de dinamização, o qual é representado por uma ou duas letras, em geral CH (centesimal hahnemanniano). Isso fica assim estampado no rótulo do frasco: Arnica montana 3 CH.

4) Fórmula farmacêutica, ou seja, glóbulos, tabletes, cápsulas, papéis, líquido; veículo, que pode ser sacarose (açúcar de cana) ou lactose (açúcar do leite), para a forma sólida, ou uma solução hidroalcoólica, para os líquidos; discriminação no rótulo do peso em gramas ou do volume em mililitros. Em relação à forma de apresentação, alguns critérios devem ser observados, considerando-se que pessoas diabéticas ou sensíveis à lactose devem preferir líquidos. Já pacientes com restrição de ingestão alcoólica devem preferir a forma de tabletes, glóbulos, papéis ou cápsulas.

5) Data de manipulação, isto é, quando o remédio foi fabricado, e sua validade (até quando o medicamento pode ser utilizado).

6) Via de administração (se de uso externo ou interno – para beber, mastigar, engolir)

Diante de qualquer dúvida, o farmacêutico tem a orientação de contatar o médico do paciente imediatamente.

Como se pode perceber, diante de todos esses cuidados, a automedicação torna-se bem mais difícil.

O grande norte da medicina homeopática é, na verdade, a individualização, que não mantém o foco nas doenças, mas sim nas pessoas que apresentam desequilíbrios e que, por isso, têm a saúde debilitada. Em homeopatia, não existe dor de cabeça pura e simplesmente, mas sim dor de cabeça que faz os olhos lacrimejarem, dor de cabeça do lado direito, dor de cabeça em salvas, dor de cabeça que aumenta com a luz, dor de cabeça após as refeições, etc. Cada uma delas requer um remédio específico. É por isso que o médico homeopata dedica muita atenção a todos os sintomas relatados pelo paciente, pois eles traduzem uma reação individual reveladora.

Para um diagnóstico correto é preciso investigar o corpo físico, a alimentação, os hábitos pessoais, o lado psicológico, os desejos, a filosofia de vida, o ambiente familiar e profissional do paciente. Quanto mais informações, maior a possibilidade de um resultado positivo rápido. É comum dizer-se que o tratamento homeopático é mais lento que o alopático. Isso, porém, não é verdade, já que cada paciente tem seu tempo próprio para reagir aos medicamentos.

De qualquer maneira, o paciente também precisa fazer a sua parte. Ele deve, por exemplo, tomar os remédios nos horários prescritos. Se precisar seguir algum tratamento alopático, tomar uma vacina ou utilizar qualquer tipo de pomada, ungüento, creme, óleo ou pasta, ele deve ligar antes para o homeopata.

Como os medicamentos homeopáticos não apresentam efeitos colaterais ou reações adversas, caso surjam sintomas diferentes após o início do tratamento, o paciente não deve ficar esperando o retorno da consulta para relatar o ocorrido ao médico, mas informá-lo logo para receber a devida orientação.

Alguns outros cuidados também devem ser observados, como evitar ou diminuir a ingestão de qualquer tipo de estimulante, caso do café e do chá- mate, por exemplo. Bebidas alcoólicas também devem ser evitadas, principalmente as destiladas, como aguardente, gin, uísque e vodca. A ingestão moderada de vinho ou cerveja, para quem está habituado, precisa ser autorizada pelo médico.

Recomenda-se não usar qualquer produto, seja de uso pessoal ou de limpeza doméstica, que contenha cânfora em sua fórmula, porque ela poderá anular a ação do medicamento homeo-pático.

É importante que, ao buscar a homeopatia, seja estabelecido um relacionamento de confiança, segurança e respeito entre paciente e médico, pois a mudança do profissional de saúde, no meio do tratamento, reinicia a pesquisa do diagnóstico. Além do mais, os sintomas inicialmente referidos podem ter-se alterado, o que dificulta a nova avaliação e leva a prescrições equivocadas.

Se o que levou o paciente a procurar um homeopata não é o desejo de substituir o tratamento alopático, então, o diálogo é fundamental, porque há um período muito especial em que, gradativamente, a medicação alopática é suspensa e a homeopática, introduzida.

A maneira de tomar o remédio deve seguir exatamente a prescrição do médico, pois ele sabe a forma mais eficiente para cada caso. Se a recomendação é para que seja tomado o medicamento em jejum, isso significa que a ingestão deve ser feita 30 minutos antes de qualquer alimento ou outro remédio. Se é para dissolver os glóbulos na língua, não se deve beber água junto. Quando o remédio pode ou deve ser tomado com água, o médico faz referência a essa situação na receita.